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sexta-feira, 5 de março de 2010

Johnny Alf (1929 – 2010)

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     Hoje iria colocar outra postagem aquí no Blog, mas acabei me deparando com a notícia da morte de Johnny Alf. Cultura Cabesound não poderia deixar de prestar uma singela homenagem à este que era considerado até por João Gilberto e Tom Jobim o verdadeiro “cara” da Bossa Nova.
     Alfredo José da Silva nasceu no RJ, em 19 de maio de 1929, filho de Antônio José da Silva e Ignês Maria da Conceição. Órfão de pai aos 3 anos de idade começou a aprender piano clássico aos 9 anos de idade com Geni Borges, amiga dos patrões da mãe, surpreendendo ao demonstrar interesse por obras dos compositores Cole Porter e George Gershwin.
     Enquanto cursava primário e ginásio formou um conjunto com amigos em Vila Isabel, que se apresentava no Andaraí Atletico Clube. Da contração de seu prenome – ALF - surgiu o apelido. Johnny Alf atravessou a adolescência escrevendo músicas, analisando orquestrações e realizando concertos de Jazz.Tocava à noite e levantava cedo para assumir seu posto de cabo do exército. Definiu-se como músico profissional quando venceu um concurso na Rádio Nacional do RJ para pianistas candidatos a um contrato para tocar no restaurante do radialista César de Alencar.
     Suas primeiras composições gravadas foram pela voz da rainha do rádio de 1952: Mary Gonçalvez. No LP “Convite ao Romance”, Mary cantou ESTAMOS SÓS, O QUE É AMAR e ESCURA. Em 1955 saiu o primeiro 78 RPM com as músicas O TEMPO E O VENTO e RAPAZ DE BEM, esta última considerada precursora da Bossa Nova,por causa dos sinais revolucionários que apresentava em termos harmônicos e melódicos. Como a Bossa Nova exigia pleno domínio do instrumento, muita harmonia e balanço, Johnny, que estudava Clássico e tocava Jazz, encabeçou fácil o início do movimento. Em 1961 recusou convite para se apresentar no Carneggie Hall junto com os outros expoentes do movimento. No ano seguinte formou conjunto com o baixista Tião Neto e o baterista Edson Machado, realizando shows disputadíssimos. A grande Sarah Vaughan em sua visita ao Brasil no final dos anos 70 se encantou com o talento de Alf e o fez convite para ir morar e se apresentar nos EUA, convite esse também prontamente recusado.
     O maior de todos os sucessos de Johnny foi EU E A BRISA, que por ironia, foi desclassificada no III Festival de MPB da TV Record. Depois de ver suas músicas gravadas por grandes músicos como Lalo Schifrin, lançou 2 discos: “Ele é Johnny Alf” (1971) e “Nós” (1973). O primeiro incluia DECISÃO e GAROTA DA MINHA CIDADE e o segundo incluia O QUE É AMAR e PLENILÚNIO.
 
 

     Infelizmente o sucesso do passado se foi e Johnny passou a viver em uma espécie de casa de repouso em SP. Dizem que para sobreviver vendeu seus raros e valiosos primeiros discos 78 RPM. Nos últimos 3 anos de vida travou uma batalha contra o câncer de próstata. A batalha foi perdida exatamente nesta quinta-feira (4 de março) no Hospital Mário Covas, em Santo André – SP. Não tinha nenhum parente.
     Artista de valor inestimável e lembrado sempre por aquelas pessoas que sabem apreciar a verdadeira boa música. O país ficou órfão de mais um desses artistas que mais souberam dignificar a nossa música. Obrigado por tudo Johnny. O céu ficou ainda mais rico musicalmente.

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