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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Billy Blanco (08 / 05 / 1924 - 08 / 07 / 2011)

 

     Billy Blanco

    

    

     Gostaria de ter feito essa postagem na sexta-feira passada mesmo, mas devido ao cansaço e ao trabalho não consegui. Mas, a morte de um dos maiores músicos brasileiros de todos os tempos não poderia passar em branco aqui no Blog Cultura Cabesound. Então, mesmo com dias de atraso venho por esta postagem prestar minha singela homenagem à BILLY BLANCO, um dos precursores da Bossa Nova.

     Nascido William Blanco Trindade, em Belém do Pará, em 08 de maio de 1924, desde os 10 anos de idade mostrou interesse por poesias e passou a praticá-las, principalmente nas redações escolares, que eram feitas em versos, o que lhe garantiram muitas notas 10 em português. Mostrou interesse também pela música, fazendo paródias para canções conhecidas na época.

     Noel Rosa e seu parceiro Vadico foram os primeiros compositores na preferência do jovem William, que influenciado pelas melodias desses dois compositores começou a compor seus primeiros sambas, com uma clara preocupação na elaboração das letras e das melodias e, já fazia shows em quartéis, hospitais e escolas. Ao mesmo tempo, prestava Arquitetura na Escola de Engenharia do Pará. Na segunda série de engenharia civil se mudou para São Paulo em busca  de um tipo de curso de Arquitetura que não era prestado no Pará. Ingressou então no Mackenzie College, uma universidade americana tradicional. Passando para o quarto ano, se mudou em definitivo para o Rio de Janeiro e se matriculou na Faculdade de Arquitetura e Belas Artes do Rio de Janeiro, com a ajuda do arquiteto Sérgio Bernardes, se formando Arquiteto em 1950. Nesse período de estudos foi colega de classe de um certo Antônio Carlos Jobim, que na época também já era compositor e que logo se tornaria seu parceiro em várias composições clássicas de nossa música.

     Com vinda para o RJ vieram também as primeiras gravações de suas composições musicais por nomes conhecidos como Dolores Duran, Linda Batista, entre outros nomes. O primeiro grande sucesso da carreira foi ESTATUTOS DA GAFIEIRA, gravada originalmente por Inezita Barroso e posteriormente merecedora de várias regravações.

     Clássica também se tornou sua parceria com Baden Powell, que rendeu composições como SAMBA TRISTE, que mereceu regravações até no exterior.

     Voltando à parceria com Tom Jobim, reproduzo aqui um texto retirado do site oficial de Billy Blanco (http://www.musicabrasileira.net/billyblanco/):

     “É considerado um dos precursores da Bossa Nova, pois suas canções já eram leves numa época onde reinava a dor-de-cotovelo do samba-canção. Sobre este ponto é necessário falar da Sinfonia do Rio de Janeiro – Suíte Popular em Ritmo de Samba. Composta por Billy e Tom, ambos criando letra e música, a partir de uma sugestão de Billy que, ao se deparar com a visão da Cidade Maravilhosa, de dentro de um lotação, pensou alto o tema: “Rio de Janeiro, que eu sempre hei de amar, Rio de Janeiro a montanha, sol o mar!”  Na Sinfonia, o samba foi tratado como status de música erudita, antecipando o rigor camerístico com que João Gilberto abordaria o samba anos depois. Destacou-se, entre outros, o trecho Descendo o Morro, de moderna melodia cromática, e a A Montanha/O Morro, onde os dois doutores do asfalto reverenciam o samba de gente simples da favela.
     Com côro, orquestra (arranjada por Radamés Gnatalli) e elenco de estrelas da voz, a Sinfonia foi um ambicioso projeto de dois jovens que, depois  de longa peregrinação pelas gravadoras, conseguiram realizá-la pela Sinter em acordo com a Continental.
     Era muito difícil conseguir espaço num  meio onde reinavam Ary Barroso, Caymmi e Ataulfo Alves. Íam para  os corredores das rádios, de violão na mão, para tentar mostrar as músicas para os artistas.  Mas a Sinfonia surtiu o efeito  desejado: pouco tempo depois do lançamento, todos do meio musical  perguntavam quem eram aqueles dois talentosos rapazes.

     Em 1964, por ocasião do arquivamento da democracia e suas liberdades no país, regime de recessão que proporcionou a vários intelectuais uma temporada de veraneio nos quartéis e no exterior, Billy, depois de pagar sua cota de inteligência reprimida, foi para Nova Iorque por sessenta dias em companhia do então governador do Rio de Janeiro, Dr. Carlos Lacerda (que logo seria também execrado pelo regime), a fim de traduzirem a peça “How to succeed in business without really trying”, que virou no Brasil “Como vencer na vida sem fazer força”. Foi Alfredo Machado, então presidente da Editora Record, que iria produzir com Oscar Ornstein a peça no Brasil, quem mandou Billy para os EUA com a incumbência de assistir quantas vezes fossem necessárias a peça, para se concretizar a adaptação ( não  simplesmente a versão) das 18 músicas da peça. Os diálogos estavam a cargo de Carlos Lacerda.
      Em seguida foi feito o mesmo processo para “Sound of Music” que tomou no Brasil o título de “Música, Divina Música”, esta em parceria coma Marise Murray.  Escreveu para cinema e teatro, destacando-se o musical ‘Chico do Pasmado” com Aurimar Rocha – “Rio de Janeiro a Janeiro” de parceria com Tom Jobim para o show de Carlos Machado na boite Night and Day.  Teve músicas em vários dos famosos “Carnavais Atlântida” filmados no Rio e no filme de Hugo Christensen “Crônica  da Cidade Amada”.”

     Em 1974, concluiu após 10 anos de composição a Suite Paulistana, composta por 15 canções, interpretadas por Elza Soares, Claudia, Pery Ribeiro, Claudette Soares, entre outros nomes.

     Em 1995, Billy Blaco sofreu um enfarte que quase lhe tirou a vida, mas não o impediu posteriormente de seguir a carreira musical. No ano seguinte lançou o livro “Tirando de Letra a Música”, pela Editora Record.

     Em Novembro do ano passado foi apresentado um espetáculo em homenagem à Billy Blanco no Teatro Rival, no RJ, baseado no CD TRIBUTO A BILLY BLANCO, produzido por Ana Duarte, esposa de Pery Ribeiro, lançado pela gravadora Leblon Records. Nessas alturas, Billy Blanco já estava internado no CTI do Hospital Pan Americano, em decorrência de um AVC sofrido 1 mês antes e, que já lhe prejudicara a fala.

     O coração de Billy Blanco parou definitivamente de bater nesta sexta-feira, dia 08 de julho de 2011, foi a perda definitiva da luta contra o AVC. Seu corpo foi cremado no Cemitério do Cajú, também no RJ.

     O compositor se foi, mas músicas inesquecíveis como ESTATUTOS DA GAFIEIRA, TERESA DA PRAIA e MOCINHO BONITO ficarão para sempre na memória e nos corações de todos os que apreciam a boa música. Descanse em paz, Billy!!!