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quarta-feira, 10 de junho de 2015

Os maestros premiados: Lindolpho Gaya e Rogério Duprat (CBD/Philips - 1968)





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     A postagem de hoje no Blog Cultura Cabesound é super especial. Dois dos maiores maestros e arranjadores do país e respeitados mundialmente tem aqui seu espaço: LINDOLPHO GAYA e ROGÉRIO DUPRAT.
     As biografias a seguir foram retiradas do DICIONÁRIO CRAVO ALBIN DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA e devidamente resumidas para ser apresentadas aqui no Blog:

Lindolpho Gaya:

     Lindolpho Gomes Gaya foi arranjador, regente, instrumentista e compositor. Nasceu no município de Itararé, São Paulo, em 06 de maio de 1921. Aos sete anos de idade, começou a estudar piano. Foi aluno do Colégio Franco-Brasileiro, em São Paulo. Foi também aluno de Hans-Joachin Koellreutter, que havia sido discípulo de Arnold Schoenberg, criador do sistema dodecafônico e um dos grandes mestres de harmonia do século XX. 
     Em 1942, iniciou a carreira artística no Rio de Janeiro, tocando piano em programas de calouros na Rádio Transmissora. Mais tarde atuou na Rádio Tupi e na Orquestra do Chiquinho, na Rádio Clube. Em 1945, casou-se com a cantora e compositora Stellinha Egg, que conhecera na Rádio Tupi. No início dos anos 1950 formou uma orquestra, passando a apresentar-se como Gaya e sua Orquestra.
    Em 1955, recebeu o Prêmio de Melhor Disco do Ano pelos arranjos feitos para as músicas "O vento" e "O mar", ambas de Dorival Caymmi, com interpretações de Stellinha Egg. No mesmo ano, com a mulher Stellinha viajou para a Europa para uma temporada artística, tendo regido na Polônia, a Orquestra Filarmônica de Varsóvia. Recebeu uma medalha de ouro do governo polonês. Atuou ainda como jurado no congresso folclórico na Festa da Juventude. Na União Soviética, regeu a Grande Orquestra do Teatro Strada de Moscou. Ainda na capital soviética, tomou parte no filme "Folclore de cinco países", com direção de Alexandrov, em que aparece tocando chorinhos de sua autoria. O casal Gaya e Stellinha seguiu para a França, onde o maestro dirigiu a parte musical do filme "Bela aventura", sobre temas e motivos brasileiros, dirigido por Stellinha. Fixou residência em Paris, onde fez arranjos para gravações de músicas brasileiras e sul-americanas, tendo organizado gravações de Ray Ventura. Ainda na capital francesa, fez arranjos para o disco "Chants folkloriques brésiliens", de temática brasileira, com interpretações de sua mulher. Retornando ao Brasil, fez arranjos e composições para uma série de discos de histórias infantis.
     Em 1965, recebeu o Prêmio Euterpe pelas músicas compostas para o show "Rio de quatrocentos anos", apresentado  no grill-room do Copacabana Palace Hotel, que foram posteriormente lançadas em um LP comemorativo aos 400 anos da Cidade Maravilhosa.
     Em 1966, fez parte do júri do I FIC, na TV Rio, fazendo ainda o arranjo e regendo a maior parte das 36 selecionadas. No mesmo ano, foi o arranjador da composição "Saveiros", de Dori Caymmi e Nélson Motta, que foi classificada em primeiro lugar na fase nacional do festival, ficando em segundo lugar na fase internacional. Recebeu no mesmo período o Prêmio Galo de Ouro pelos arranjos e por sua atuação como maestro no LP "O grande festival", com músicas do I FIC. Ainda nos anos 1960, apresentou nas TVs Rio e Continental programa de música popular ao lado de Stellinha Egg. Ainda no Rio de Janeiro, dirigiu musicalmente shows das cantoras Elizeth Cardoso e Amália Rodrigues. Trabalhou durante 15 anos para as gravadoras Victor e Odeon, fazendo arranjos e orquestrações, destacando-se no trabalho com a música brasileira.   
    Em 1974 e 1975, percorreu o Brasil ao lado de Stelinha Egg apresentando-se especialmente em auditórios de universidades fazendo divulgação da música popular brasileira.
     Faleceu em Curitiba, PR, em 15 de setembro de 1987
Foi considerado um dos grandes arranjadores de sua época. Todo seu acervo acumulado ao longo de toda a vida de trabalho passou a integrar o "Memorial Maestro Gaya" que ficou a cargo de seu filho: Lindolpho Alves Gaya. 


Rogério Duprat:

     Rogério Duprat nasceu no Rio de Janeiro em 07 de dezembro de 1932. Foi regente, arranjador e Compositor. Passou a residir ainda criança com sua família em São Paulo. Estudou violoncelo com Calisto Corazza; harmonia, contraponto e composição com Olivier Toni e Cláudio Santoro. Na década de 1950 fez parte da Orquestra Sinfônica Estadual de São Paulo e da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. Em 1956, fundou e dirigiu a Orquestra de Câmara de São Paulo, na qual atuou também como violoncelista.
     Em 1960, começou a compor e a gravar para teatro, televisão e cinema. No ano seguinte, integrou o movimento de vanguarda erudita "Música nova", em São Paulo, ao lado de Sandino Hohagem, Régis Duprat, Júlio Medaglia, Damiano Cozzella, Gilberto Mendes e Willy Correia de Oliveira.
     Em 1962, viajou para a Europa, onde aprofundou seus conhecimentos musicais com Pierre Boulez, na França, e Karlheinz Stockhausen, na Alemanha. Ao voltar para o Brasil dedicou-se à criação de músicas experimentais em computador, em parceria com o também maestro e arranjador Damiano Cozzella.
     Em 1963 e 1964, atuou como regente e arranjador da TV Excelsior (SP). Compôs, em 1964, a trilha sonora do filme "A ilha", de Walter Hugo Khouri, que lhe valeu diversos prêmios. Nessa mesma época, ocupou o cargo de professor assistente do Departamento de Música da UNB, participando de eventos e manifestações de música aleatória. Foi premiado pelas trilhas sonoras dos filmes "Noite vazia" e "Corpo ardente", ambos de Walter Hugo Khouri, e "Cariocas", de Fernando de Barros, Roberto Santos e Walter Hugo Khouri.
     Em 1967, foi contemplado com o prêmio Roquette Pinto como Melhor Arranjador do Ano  e também com o prêmio de Melhor Arranjador do III Festival de Música Popular (TV Record), pela autoria do arranjo da música "Domingo no parque", de Gilberto Gil.
     Foi considerado um dos pilares do movimento musical chamado Tropicalismo, assinando arranjos marcados pela erudição, ousadia e criatividade, para os principais discos do movimento, sendo célebre sua contribuição principalmente  no histórico LP "Tropicália ou Panis et Circenses", de 1968, onde foi o arranjador e maestro das músicas gravadas por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa, Os Mutantes e Nara Leão. Por esse período da carreira, Rogério Duprat é chamado hoje em dia de "O George Martin brasileiro".  Nesse mesmo ano, foi contemplado com o prêmio de Melhor Arranjo do III Festival Internacional da Canção (TV Globo). Ainda em 1968, ocupou o cargo de diretor musical do programa "Divino maravilhoso", da TV Tupi (RJ).
     Escreveu mais de 40 trilhas sonoras para cinema. Em 1987, recebeu o Prêmio Kikito no XVIII Festival de Cinema de Gramado, pela música do filme "Marvada carne", de André Klotzer.
    Foi diretor artístico das gravadoras Vice-versa e Pauta e atuou, também, na produção de jingles.
     Durante algum tempo, afastou-se das atividades artísticas devido a problemas de audição, provocados por longos períodos de trabalho em estúdio. Mas retornou na década de 90, assinando arranjos para Lulu Santos ("Tempo/espaço") e Rita Lee.
     Faleceu no dia 26 de outubro de 2006, em São Paulo. 

    O disco que trago aqui foi lançado em 1968, sob o título OS MAESTROS PREMIADOS: LINDOLPHO GAYA E ROGÉRIO DUPRAT, onde cada maestro ficou encarregado de gravar, com seus belíssimos arranjos com as suas respectivas orquestras
canções premiadas no FESTIVAL INTERNACIONAL DA CANÇÃO (parte nacional) e FESTIVAL DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA daquele período. Músicas como TRAVESSIA, RODA VIVA e PONTEIO, entre outras, ganharam ainda mais em beleza, graças à estes verdadeiros mestres da música. É este o presente que trago hoje para os amigos do Blog Cultura Cabesound, que sempre dão o carinho de suas visitas, amigos estes que são tão aficcionados pela boa música quanto eu.

Músicas

Lado 1 (Lindolpho Gaya):

01- Carolina (Chico Buarque de Hollanda)
02- Margarida (Gutemberg Guarabyra)
03- Travessia (Milton Nascimento - Fernando R. Brant)
04- O sim pelo não (Alcyvando Luz - Carlos Coqueijo)
05- Fuga e antifuga (Kriger - Vinicius)
06- São os do Norte que vem (Capiba - Ariano Soassuna)

Lado 2 (Rogério Duprat):

01- Alegria, alegria (Caetano Veloso)
02- Ponteio (Edu Lobo - Capinan)
03- Roda viva (Chico Buarque de Hollanda)
04- Maria, carnaval e cinzas (Luiz Carlos Paraná)
05- Gabriela (Maranhão)
06- Domingo no parque (Gilberto Gil)
 

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