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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Francisco Alves - Os grandes sucessos de Francisco Alves (RCA Camden - 1963)


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     Aquele que até hoje é reconhecido como o Rei da Voz tem seu espaço aqui no Blog CULTURA CABESOUND merecidamente: FRANCISCO ALVES, o CHICO VIOLA, o REI DA VOZ.


     Francisco de Morais Alves nasceu na região central do Rio de Janeiro, em 19 de agosto de 1898. Filho dos imigrantes portugueses José Alves, dono de um botequim e que tocava bombardino, e de Isabel Morais Alves. Foi o mais velho de outros 4 irmãos. Ainda adolescente, cantava nas ruas imitando seu ídolo Vicente Celestino e com os trocados que ganhava ajudava a família, que passava por sérios problemas financeiros. Foi também engraxate e operário de uma fábrica de chapéus.
     Sua irmã Lina, que a esta altura trabalhava como radioatriz sob pseudônimo de Nair Alves, lhe deu de presente um violão, e com ele Francisco aprendeu os primeiros acordes musicais e a partir de então alimentou o desejo de seguir carreira musical. Fez o primeiro teste com o maestro Antônio Lago, pai do ator e compostor Mário Lago. Mesmo aprovado nesse teste, resolveu aperfeiçoar seu talento tendo aulas de canto lírico com o barítono Sante Athos por um período de 3 meses. 
     Logo após, em 1918, iniciou carreira artística, atuando nas Companhias de teatro de João de Deus e Martins Chaves, e após, na Companhia de teatro São José, de propriedade de José Segreto. Paralelamente aos trabalhos como ator, Francisco ganhava a vida como motorista de praça, o que chamamos nos dias de hoje de taxista.
     Iniciou carreira fonográfica em 1919, por intermédio do compositor Sinhô, gravando 2 discos pela gravadora Popular, de propriedade de João Batista Lage, marido de Chiquinha Gonzaga. Três canções gravadas nesse período seriam destinadas para o carnaval de 1920. O PÉ DE ANJO, de autoria de Sinhô, foi considerado o primeiro sucesso de sua carreira musical.
     Entre 1920 e 1924 se dedicou apenas ao teatro, voltando à carreira fonográfica também em 1924, gravando pela Casa Edison, de propriedade de Fred Figner mais dois discos, o primeiro com as canções MIÚDO e CHAMAS DO CARNAVAL, ambas de autoria de Sebastião Santos Neves foram grandes sucessos carnavalesco daquele ano. O segundo, com NÃO ME PASSO PRA VOCÊ e MADEMOISELLE CINEMA, ambas de Freire Jr é uma relíquia praticamente esquecida, que nem os grandes colecionadores de discos 78 rpm possuem. 
     Em 1920 casou com Perpétua Guerra Tutoya, conhecida como Ceci. Mas o casamento durou apenas 1 semana, um casamento que o próprio Francisco Alves denominou com um "ato de loucura". Foi nesse período que Francisco recebeu o apelido de CHICO VIOLA, isso porque na companhia de teatro São José onde ele atuava havia uma moça que adorava ouvi-lo cantar e tocar violão. Só que, como haviam dois Chicos na companhia, sempre havia confusão quando a moça mandava o chamar. Então, para acabar com as confusões, ela passou a chamá-lo de Chico da Viola que depois ficou somente Chico Viola. A tal moça era Célia Zenatti, atriz e dançarina, com quem viveu por 28 anos, até o fim de sua vida.
     Francisco Alves passou mais um periodo apenas no teatro, mas em 1927 foi chamado novamente por Fred Figner, dono da Casa Edison, para novas gravações fonográficas, totalizando nesse período 11 discos e 20 músicas. O sucesso veio e Francisco Alves resolveu se dedicar a partir de então apenas à carreira musical. Também em 1927, é contratado pela Odeon.
     O sucesso se tornou tamanho e Francisco Alves se tornou conhecido como "O Midas da canção", pois ele tinha verdadeira intuição para escolher as composições que iria gravar e todas se tornavam sucesso na sua voz. Francisco Alves também era compositor, mas graças à essa "intuição", tornou sucesso composições de nomes que se tornariam célebres, tais como Lamartine Babo, Noel Rosa, Ary Barroso, João de Barro, Almirante, Castro Barbosa, entre outros grandes nomes.
     Em 1930 formou uma famosa dupla com Mário Reis, com quem gravou entre outras músicas FITA AMARELA e SE VOCÊ JURAR, em um total de 12 discos e 24 músicas juntos. 
     Fumava quase 2 maços de cigarro por dia, mas não bebia, adorava café. Possuia um cacoete de cuspir em seco, o que as más línguas diziam ser ele "econômico até na hora de cuspir", referencia essa a sua fama de "pão duro", "avarento". Mas, mesmo com tal "fama", Francisco Alves ajudou muita gente. Por exemplo, na Rádio Cajuti, onde possuiu um programa, lançou ninguém menos que Orlando Silva.
     Transferiu-se para a Victor em 1934, lançando vários discos por essa companhia até 1937, quando retornou para a Odeon. Nesse segundo período na Odeon, ficou até 1939, ano em que se transferiu para a Columbia. Por essa companhia, lançou alguns 78 rpm, até 1941, quando iniciou um terceiro período na Odeon, esse mais longo, durando até 1952, ano este em que se transferiu para a RCA, antiga Victor. Em sua época, foi o cantor que mais gravou no Brasil, em um total de 983 gravações, em 34 anos de carreira.  Nunca conheceu o ostracismo ou a decadência. Em todo o período de carreira conheceu o sucesso, sendo intitulado O REI DA VOZ. Emocionava a todos os que o viam cantar, inclusive os próprios músicos que o acompanhavam. Tamanha fama e sucesso foi causadora de uma verdadeira comoção no país, nunca vista antes, com a notícia de sua trágica morte em um desastre automobilístico, em 27 de setembro de 1952, aos 54 anos de idade, na Via Dutra, em Pindamonhangaba, na divisa com Taubaté, estado de São Paulo, quando em uma viagem de retorno ao RJ seu veículo foi violentamente atingido por um caminhão, que imprudentemente invadira a pista oposta. A colisão e a explosão foram inevitáveis. Francisco Alves morreu na hora, carbonizado. Ironicamente, ele evitava viajar de avião com pavor de morrer carbonizado da mesma maneira que aconteceu com Carlos Gardel, Foi o primeiro cortejo fúnebre em que foi utilizado um carro do corpo de Bombeiros. Mais de 1 milhão de pessoas acompanharam seu velório na Câmara Municipal e o enterro no cemitério São João Batista. Foi noticiado a época que a morte de Francisco Alves causou até o suicídio de um fã. Sobre a lápide, esculpido um violão de bronze e as seguintes palavras de seu parceiro Orestes Barbosa: 
     " Tu, só tu, madeira, sentirás toda a agonia do silêncio do cantor".
     Três anos após seu falecimento, chegou aos cinemas o filme CHICO VIOLA NÃO MORREU, com Cyl Farney no papel do cantor e depois disso várias biografias sobre a sua vida foram lançadas, preservando até hoje a vida e a obra desse grande artista. O Blog CULTURA CABESOUND não poderia ficar de fora dessa longa lista de homenagens merecidas, trazendo para essa página o LP OS GRANDES SUCESSOS DE FRANCISCO ALVES, com algumas gravações que cobriram o período em que o cantor esteve na Victor, entre 1934 e 1937 e em 1952 na RCA, curto período esse que foi interrompido com sua trágica morte. O repertório dessa coletânea está abaixo detalhado, acompanhado pela data de lançamento de cada canção. Mais um belíssimo presente para todos os amigos, que assim como eu são amantes da boa música de todos os tempos.


Músicas

Lado 1:

01- SERRA DA BOA ESPERANÇA (Lamartine Babo) - 24/09/1952
02- MISTERIOSO AMOR (Saint-Clair Senna) - 11/03/1937
03- É BOM PARAR (Rubens Soares) - 24/09/1952
04- SÓ NÓS DOIS NO SALÃO... E ESTA VALSA (Lamartine Babo) - 17/03/1937
05- GRAU DEZ (Ary Barroso - Lamartine Babo) - 16/10/1934
06- FOI ELA (Ary Barroso) - 24/09/1952

Lado 2

01- NA VIRADA DA MONTANHA (Lamartine Babo - Ary Barroso) - 27/08/1935)
02- CANÇÃO DO MEU AMOR (Saint-Clair Senna) - 11/03/1937
03- TUA PARTIDA (Pereira Filho - Mario Moraes) - 11/03/1937
04- A MULHER QUE FICOU NA TAÇA (Francisco Alves - Orestes Barbosa) - 24/09/1952
05- SOBE MEU BALÃO (Ary Barroso) - 15/05/1935
06- SEM ELA (Ary Barroso) - 23/12/1935
     
     
     
     
    
     
     

2 comentários:

  1. Obrigado,pelos discos que você disponibiliza.Só um pequeno comentario, a morte de Francisco Alves foi no dia 27 de Setembro de 1952.

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    1. Obrigado pela correção e pelo seu prestígio ao Blog, amigo Eduardo. Na verdade nem sei o pq errei dessa maneira a data, mas já fiz a correção.

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